sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O que é design gráfico?

por Rodrigo Morais

Ao longo da trajetória do design gráfico, grandes historiadores e pesquisadores cunharam diferentes descrições para as atividades concernentes a esse ofício. Alguns deram ênfase à sua atuação enquanto atividade de trabalho, como a própria ADG (Associação dos Designer Gráficos do Brasil), caracterizando-o como “um processo técnico e criativo que utiliza imagens e textos para comunicar mensagens, idéias e conceitos com objetivos comerciais ou de fundo social” (http://www.adg.org.br/ acesso em 15/05/2008); outros acentuaram seu caráter filosófico, colocando-o como uma manifestação espiritual humana de transcender suas próprias limitações, como George Nelson, ao dizer: “Design is a manifestation of the capacity of the human spirit to transcend its limitations.” (NELSON, 1957, p. 27). Uma outra parcela desses teóricos chegou a confundi-lo com a arte, cujas origens remontam à pintura rupestre, vendo-a como uma representação de idéias e conceitos, bem como um canal de transmissão de conhecimento.
De fato, o termo design gráfico foi criado em 1922 por William Addison Dwiggins para especificar os trabalhadores que tinham como atividade trazer ordem estrutural e forma aos impressos. Assim, de acordo com essa descrição, são privilegiados aspectos atinentes apenas às definições relativas ao mercado de trabalho; porém, é necessário ressaltar que a profissão não nasce simultaneamente à sua terminologia, mas existe por um longo e, por vezes, indeterminado período até que haja a preocupação de caracterizá-la separadamente de outras áreas de atuação dos artistas gráficos. 

Pode-se definir o design gráfico como uma forma de comunicação visual, portanto é necessário apresentar seu contexto histórico a fim de que se compreenda onde e como se deu a origem desse tipo de comunicação. 

Na Pré-História, a pintura rupestre era tratada como o instrumento de uma técnica mágica que, segundo Arnold Hauser, “era a armadilha onde a caça tinha de cair, ou melhor, era a armadilha com o animal capturado – pois o desenho era, ao mesmo tempo, a representação e a coisa representada.” (HAUSER, 2003, p. 04) Assim sendo, se há uma pintura rupestre que representa a obtenção de algo em uma forma mágica, encontra-se aí a origem da comunicação visual para o homem pré-histórico. 

O teórico Philip Meggs, ao discorrer sobre a comunicação visual pré-histórica, em sua obra A History of Graphic Design, de 1983, acredita que deve-se tratar de forma separada a história da arte e a história do design gráfico, dizendo: “this was not the beginning of art. Rather, it was the drawing of visual communications, because this early pictures were made for survival and were created for utilitarian and ritualistic purposes.” (MEGGS, 1983, p. 04). Porém, tal afirmação é questionável, visto que, desde a Pré-História, o homem faz representações como forma de comunicação; Também não se pode deixar de elucidar os valores estético e artístico que existem nessas pinturas, em suas formas naturalistas no período paleolítico ou em suas formas geométricas no período neolítico. Esse fato se acentua ao levar-se em conta que a escrita utilizada até os dias atuais como meio de comunicação tem por base tais desenhos e representações. 

Assim, correta é a afirmação de que arte e design têm origens parecidas, mas com intuitos diferentes, justamente o que faz tantos teóricos e pesquisadores polemizarem sobre o que de fato é o design gráfico. De acordo com Chico Homem de Melo, “Design Gráfico não é só um belo desenho. Design Gráfico é um belo desenho, com um sentido e uma tarefa a cumprir.” (http://www.modenadesign.com.br/design-grafico.php acesso em 15/05/2008). 

Apesar das origens similares, a arte se define por ser uma atividade humana com motivos de expressão estética, política e filosófica, cuja função é passar conceitos que não visam a um grande público-alvo. O design gráfico, por sua vez, desponta como uma comunicação universalizada que cobiça públicos específicos, de acordo com as características do produto que comunica. 

Assim sendo, é baseada nos momentos históricos e nas associações certas e incertas a afirmação de que o design gráfico é, acima de tudo, uma linguagem, algo que une o ato do processo de trabalho em si a um tom filosófico sobre sua atuação interdisciplinar e universalizada de se comunicar com um público a ser atingido.

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